Tópico nº 20 – Um mundo de Brinquedos

>> 27 de março de 2009

PARTE 01

Quando eu era criança, eu queria muito um irmão. Gostaria de compartilhar meus momentos com alguém que me entendesse, ou me protegesse, principalmente na escola municipal onde cumpri 9 anos, do C.A. à 8º série.

Ao menos uma vez por semana eu tomava um soco no estômago, alguém roubava meu lanche, me ameaçava, me chutava, ou corria atrás de mim. As vezes eu corria mais, as vezes não. Quando não, me jogavam no córrego ou me davam cacetadas nas pernas. Humilhação é algo que eu posso dizer que conheci o sentido bem cedo.

Apesar dos pesares, eu era bem feliz. Ou não? É difícil me ver contando alguma história sem esse brilho característico nos olhos, por mais triste que a história seja.

Como não tinha irmãos, meus amigos sempre foram meus eleitos. O problema era que eles eram tão fracos quanto eu. Logo, apanhávamos juntos.

O mais próximo de um irmão que eu tive, naquela época, chamava-se... bem, o nome não importa. Ele era melhor que eu em tudo. Era mais criativo, tinha habilidades maravilhosas com o isopor, com o papelão, com as canetas, com as pessoas (reproduzia-as perfeitamente). Era apenas um ano mais velho que eu apenas, mas era um grande herói.

Nem "existia" informática ainda, mas se existisse ele seria um daqueles gênios de 10 anos de idade, teria inventando um montãozão de coisas.

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Um dia ele morreu. Atropelado.

É complicado explicar pra uma criança de 9 anos que seu melhor amigo acabara de falecer, e que "agora estava no céu". Mas o irmão dele se empenhou bastante em tentar me explicar, quando eu apareci na clássica tardezinha de domingo para fazer uma "visita" [brincar muuuuito com os Comandos em Ação!!].

A mãe dele não tentou me explicar, nem os tios, nem o pai, nem parentes, que estavam na sala vazia, pós enterro.

Ela simplesmente não conseguiu me olhar por mais de 5 segundos, desabou a chorar.

Eu via tudo cinza, não lembro como voltei pra casa. Mas o irmão dele me levou.
Eram 17hs quando voltei. Chorei a eternidade da noite toda... não entendia como aquilo poderia ser.

No dia anterior estávamos brincando de Jurassic Park com meus playmobils e as galinhas da mamãe. Em seguida tentamos, frustradamente, zerar Alex Kidd in Miracle World.

E agora... não havia mais nada.

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Quando a vida se resumia às cavernas dos dragões, aos atiradores com laser e tanques de guerra lutando pela paz e igualdade num futuro distante. Ao olho de Thundera e príncipes que viravam guerreiros espadaúdos, ou uma liga de super amigos reunidos num palácio da justiça qualquer...

... me veio a idéia de que um dia, um dia. A brincadeira acaba.

Seus brinquedos ficam lá, e você já não retorna mais. E todas as aventuras perdem o seu sentido. Todas as vitórias
e reviravoltas perdem o seu valor. As donzelas em perigo não importam mais...

Deixamos a criança morrer.

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Logo... por cada historiazinha que eles têm pra contar. Por cada aventura, as quais participaram e protagonizaram, por cada gota de Super Bonder que eu gastei neles, para que não se desmanchassem…

...eu não me desfiz dos meus brinquedos.

Sempre os guardei, limpei, organizei... e os amei. Ficam todos guardados numa enorme caixa.

Esperando pelos 20 minutos em que eu os pego...

...os admiro,

ensaio uma brincadeira ou outra,
e os guardo de novo, com um único anseio:

Não deixar a criança morrer.

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Posteriormente falo das fotos. Bjocas.

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Tópico nº 19 – Trópico de Capricórnio

>> 24 de março de 2009

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Mata Atlântica. Não tenho nada contra a Mata Atlântica e o resto que sobrou dela. Não tenho nada contra o Pau-Brasil, que sumiu levado pelos conquistadores. Não tenho nada contra o verão e o sol escaldante que faz aqui no Rio esta época do ano [e talvez o resto do ano também, aliás desde quando não faz sol escaldante aqui no Rio?]. Não tenho nada contra o verde musgo escuro, o ar seco, o suor na testa, o mosquitos se deliciando nas canelas, a cueca pinicando pedindo para ser atirada fora libertando o pequeno piriguetti, a pedrinha que deu um salto dentro da meia, ou aquele percevejo que pousa no pescoço e quando você o mata, ele deixa um cheiro muito desagradável.

MAS EU DETESTO O TRÓPICO DE CAPRICÓRNIO!

Zona tropical chata do caramba… Sendo assim, para conseguir um outono legalzinho você tem que se descabelar na foto… Tou torcendo para que o sol dê uma melhorada e o dia fique nublado e cheio de contraste…

Essas foram no Parque Lage num outono londrino do Rio de Janeiro.

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Tópico nº 18 - Paloma

>> 13 de março de 2009

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Lembram da história do “Tópico nº14 – Mais do mesmo” ? Pois bem, na semana seguinte, consegui ir ao Jardim Matônico [derivação de mato] e finalmente tirei as fotos com a bendita “modelo”.

Vivência:
Fotografar em um lugar quente, com sombras extremamente variadas é algo bem complexo. As folhas dão um efeito legal no campo, mas expor a luz de forma aceitável [para uma pessoa obsessiva como eu] é realmente algo complicado.

Tiramos muitas fotos, a maioria ficou realmente boa. Mas eu não quero tirar fotos “realmente boas”. Eu quero tirar fotos excelentes. Nesse dia eu aprendi bastante coisa, não exatamente com a câmera, mas com a dinâmica de tirar fotos posadas.

Aprendi que não me interesso por um sorriso posado, eles sempre me parecem falsos e vazios. Aprendi que existem uns poucos milésimos de segundo em que um sorriso espontâneo manifesta exatamente aquilo que eu não sei dar nome, porque, provavelmente, para cada um de nós o nome é diferente. Mas é nesse exato momento que eu pretendo apertar o botão e capturar aquilo que ele quer mostrar.

Sendo assim por mais que a “modelo” faça suas caras e bocas sensuais, eu sempre procurava algo mais… logo nos primeiros disparos, eu identifiquei o que eu estava procurando e fiquei… paranóico com isso.


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“Olha o Marcos Andrééé e o Zé Otávioo!!” – Pra que usar “olha o passarinho” se você pode usar professores cools e badalados do Departamento de Psicologia lá da faculdade?

Sem ciúmes e narcisismos, usei outros professores também, cada um ressoava um tipo de sorriso diferente. Aliás, descobri que uso diversas alegorias enquanto fotografo, não paro de falar.

Parte técnica:
Acho que o grande problema é a limitação da objetiva da minha câmera [por isso providenciei outra pra quebrar o galho].

Vou ter que usar essa 18~55mm 3.5f durante um bom tempo até juntar dinheiro pra comprar uma mais nídita/clara. As fotos saem “realmente muito boas”, mas eu tou procurando o algo mais.

Algo que incomoda também, como já disse, é a falta de iluminação. Eu não usei muito flash, só pra preencher mesmo. Mas tirar foto entre árvores é algo realmente chato, o contraste é muito variável, e tem o problema do balanço de branco, o ideal é configurar, mas depois tentar deixar tudo uniforme na produção da foto [não consegui, cheguei perto, mas se eu ficasse tentando mais, nunca terminaria… aliás, tem uma hora que ‘chega’, é melhor parar, senão eu não paro de mexer na foto nunca!]

É imprescindível haver uma terceira pessoa pra cuidar do visual da modelo [e dos rebatedores etc]. Eu tinha que controlar exposição, as sombras, o cabelo, o brinco, o vestido, a pulseira, esperar o sol parar de frescura etc. Não levei ninguém… bem, ao menos sobra mais dinheiro pra mim.

Disse para mim mesmo: “devo aprender a valorizar muito mais os olhos”.

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Paloma04 Playlist:

Whitin Temptation
Nightwish
Lacuna Coil
Stephen Wolf
Silverchair
Seu Jorge

Sobre a modelo:
Paloma Galvão, 22 anos
Estudante

”ahh o meu cabeloo? Ele tá bom?”

”tá ótimo” (não entendo nada de cabelo)

”tem certeza??!”

”tsc, depois eu dou um jeito no photoshop”

”aah sim… ai MEU CABELOOOO!!”
:-D

Espero que gostem, um abraço.
Paloma05
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Tópico nº 17 – Como as coisas são…

>> 5 de março de 2009

jackiepai05
Como as coisas são… eu não me lembro de ter ido à praia com meu Pai. Acredito que essa tenha sido a primeira vez em nossa vida que saímos pra dar um passeio pela praia, um desses passeios descompromissados. Moramos de frente pro mar, passamos por lá sempre, mas nunca “fomos”, com o único objetivo de ir.

Ele sempre trabalhou tanto, e eu sempre tive tanta coisa pra fazer…

Como as coisas são… depois de 30 anos de trabalho, um pai pode ir com seu filho, e o cachorro, à praia. Não queria ter que esperar tanto.

Como as coisas são…

Não espere tanto, lembre-se que a coisa mais fantástica do mundo, a geração de uma vida, em nossa espécie, dura em média nove meses. E ainda assim uns cismam em aparecer no mundo antes…

Por isso, não espere tanto.
jackiepai01

jackiepai06

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