Tópico nº 6 - Seu Zé 2/2

>> 4 de janeiro de 2009

Tributo ao Seu Zé Parte 2 de 2.

Pois bem, como vocês perceberam no Tópico nº 4, eu sou duma geração que aprendeu inglês na marra. A gente aprendia na base do "Choose Your Destiny", "Insert Coin", "Push Start", "Here Comes a New Challenger"¹ e os não menos importantes YOU WIN e YOU LOSE.

Mas calma aê, e o Seu Zé afinal?! Bem, este é um nome que de fato está guardado em uma gavetinha pequenininha naquela escrivaninha empoeirada que fica no buraquinho mais úmido de nossos corações ["nossos" é para o seleto grupo de pessoas que sabe de quem eu estou falando].

Seu Zé era um senhor de idade indefinida com uma altivez característica e seeempre preocupado com os afazeres de seu pequeno negócio: uma quitanda no final da Rua Quatro, de frente para o ilustre Beco do Rato [endereço interessante não?].

A bancada da quitanda era rica em cores, e sempre tinha uns sujeitos muito animados por ali. Alface, repolho, tomate, cebola. Refrigerante, suco Jandáia, KiSuco, cachaça. Ele tinha de tudo. Sempre com uma havaiana no pé, braços e mãos meio robustos, de quem trabalhou a vida toda, se projetando pra fora daquela camisa velha de botão que ele sempre usava. Seu Zé era "um"... aliás... Seu Zé era "o" porto seguro no final da Rua Quatro, em frente ao Beco do Rato.

Reunia todo tipo de gente ali, atrás de seus serviços. De 8 ou 9 da manhã até a hora que fosse da noite... ele sempre estava lá. Se faltasse leite em casa, Seu Zé estava lá. Se faltasse um Baré pro almoço... Seu Zé estava lá. Estava meio monótono? Era só sentar em um dos batentes e olhar o movimento em volta do Seu Zé [além de ser o nome do Owner do estabelecimento, nos referíamos ao Seu Zé como sendo um point].

Claro, sei que você já esperava por isso... pois é, a quitanda do Seu Zé era só fachada. Na lateral existia um espaço grande, uma sala, um território underground. Escuro, úmido, sujo. Uma sinuca ao centro, no entanto raramente ocorria alguma partida nela pois... a sala era recheada de FLIPERAMAS!

Ali, criaturas de todas as idades, sedentas em saciar seu vício, largavam moedas na mão do Lêlei (Seu Zé para os íntimos) e gritavam:

Na dois Seu Zé!
ou
Pôe mais uma na três Lêlei!


Foi ali que eu "mandei" o meu primeiro Hadouken. O meu primeiro Fatality do Scorpion. Foi ali que o Júniu colocou pra lá de 7 fichas e zerou Cadilaque Dinossauro (Cadillac and Dinossaurs).
Meu primeiro Hadouken no Ken.
[Já reparou que dentro da magia tem as mãos do Ryu?]

Foi ali que o Artur e eu vendemos pro 2 garrafas Pet vazias, e depois roubamos as garrafas pra vende-las de novo [ele era meio esclerosado, nem ia reparar, mas se descobrisse ia arrancar nossos pequenos e jovens sacos descabelados...]. No caminho da glória, após surrupiarmos as garrafas, a consciência ficou pesada, e de modo muito furtivo, devolvemo-as... ele nem sentiu falta.

Seu Zé as vezes pedia para que um de nós, seus assíduos clientes, fizesse alguns favores pra ele... o pagamento claro era em fichas de fliper. Ele só evocava os mais queridos. Mandava comprar algo que estava faltando, ir entregar algo para alguém etc...

Sem dúvida, Seu Zé fez parte da vida de muitas pessoas que rodeavam aquele pedacinho de mundo em frente ao Beco do Rato.

Infelizmente, já nos anos 2000, Seu Zé zerou sua participação nesse mundo, com um "High Score" infinito, mandando todos os "Especiais" possíveis e desencadeando "combos de 32x" e mandando um puta dum "Fatality" na nossa monotonia da década de 90. Certamente todos nós queremos fazer um final cheio de conquistas e vitórias como ele.

Seu Zé, You WIN.
[Flawless Victory]

¹-Todas as referências em inglês vêm de jogos eletrônicos de sucesso da década de 90. Frases clichês que as crianças pronunciavam totalmente errado, termos que um jogador assíduo sabe de onde vem e o que quer dizer.

2 comentários:

Unknown 6 de janeiro de 2009 às 14:38  

seu Zé era realmente tudo isso, e nao
posso deixar de comentar quando ele do nada desligava todas as maquinas sem avisar pra ninguem, e vc nao tinha nem como reclamar pq ele ja estava com um taco de sinuca na mao pra adentrar os cornos do fdp que estava pondo credito em alguma maquina ilegalmente, hehehe todo mundo se fudia encluindo quem tinha pago legalmente. ASTA LA VICTORIA SIEMPRE... esta frase nao é do cheguevara na verdade, é do seu Zé.

Anônimo 7 de janeiro de 2009 às 02:24  

ahahah É verdade, passar gilete no fio da máquina dava um putilhão de créditos. Mas eu preferia botar dois créditos, jogar os dois e dizer que só caiu um. hihihi. "Só caiu um Lêlei! Pow, tu acha que eu ia te sacanear?!" Foi lá tb que tive minha vida ameaça por um frequentador... Ele roubou uma faca do arsenal do Seu Zé e quis me matar, mas felizmente eu não estava mais lá... Mais um que perdeu a ficha cedo: vivia pulando pelas lajes pra pegar pipa. Todos sabiam que ia dar merda... Conclusão: morreu afogado no mar de São Conrado!

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