Tópico nº 23 - Trajetória

>> 21 de abril de 2009

Estou sentado à beira da cama, com os cotovelos aos joelhos, prostrado olhando para o chão, pensando:

“por onde eu devo começar?”

Passei o dia zanzando pelo quarto. Tranquei a porta, não queria ver ninguém. O dia estava bem carregado de nuvens pela manhã. Organizei umas coisas sob a mesa, parei na janela, sentindo os odores que vinham com o vento enquanto olhava as árvores e as casas. Deitei na cama e adormeci.

Quando acordei, sentei-me aqui e comi um pouco... não tenho muita satisfação nisso, nunca tive.

“quando isto começou?”

Retornei a vagar pelo quarto, sem ter algo fixo para fazer... imerso, numa pintura de Salvador Dali. Querendo achar um algoz e dizer: “a culpa é sua, e não minha, sua!”

Trajetória.

2001 – 18 Anos

Eu finalmente havia terminado a maratona de estudo. A escola municipal e o colégio haviam deixado suas feridas. Eu estava feliz em finalmente, acabar com aquela porcaria toda. Trabalhava como instrutor de informática, tinha lá meus clientes com manutenção de micros, estudava música e dava umas aulinhas pra ajudar meu professor. Já havia feito o curso de redes e o de webdesigner também... este último me gerava um certo estresse.

2002 – 19 Anos

Eu mesclava um monte de coisas, música, informática, já flertava com a fotografia, estudava para um concurso de Agentes de Saúde, e pretendia formar uma banda. Meu vizinho de 33 anos, que morava sozinho, faleceu de forma misteriosa, e eu, por joguete do destino [pois apesar de gostar dele, acha-lo um cara legal, nunca entendia as filosofadas dele, e achava ele um pé no saco nessas horas, de fato, eu era imaturo demais para entender o que ele me falava]. E eu, por joguete do destino fui o responsável pelo enterro dele e todos os procedimentos... espero nunca mais ter que reconhecer um corpo. Apesar de ter certeza absoluta que isso vai acontecer outras vezes.

2003 – 20 Anos

Agora eu era Agente de Saúde. Havia passado em primeiro lugar no concurso, que não foi tão difícil assim, mas nunca falei isso pra não ser do tipo “arrogante”. Tocava com uns “vário pássêro” numa banda e meu cachorro nasceu [a coisa gorda com cheiro de fandangos mais linda que existe][Ele tinha uma irmã gêmea que morreu, choramos um bocado por causa disso]. Neste ano eu comprei minha primeira câmera digital, pra repor a Yashica vagabunda que eu tinha antes... era uma Fuji A205 de 2megapixels, vendi-a mais tarde… e quebraram-na, coitada.

2004 – 21 Anos

Eu descobri posteriormente que eu era um “rebelde”, ou genioso entre os Agentes de Saúde... eu não gostava de me submeter às maluquices que vinham do alto escalão do “negócio”... odiava fazer lobby com as Norte-Americanas da Johns Hopkins University só porque eu era uma das duas pessoas que entendia inglês. Não achava justo ter que entregar remédio na casa dos outros se eu não recebia além por isto, e outras injustiças. Olhava para a cara dos meus companheiros pensando se algum dia eu seria apaziguado como eles eram. Submetidos, presos com uma bola no pé, ou simplesmente... não ligavam pra essas coisas? Saí quando tive a chance, eu sobrava ali [entenda isto como quiser].

2005 – 22 Anos

Eu já estudava para entrar na faculdade, pois essa história de ser pau mandado de filhos da puta e de políticos me irritava pra caralho [desculpe a sinceridade]. A vida não era fácil... eu conciliava um monte de coisas... e tentava fazer todo mundo feliz, não tentando me perder nos meus próprios objetivos, ou melhor...me perder dos outros e os outros. Mais uma vez, em uma trama inacreditável do destino, eu acabei indo trabalhar como impressor em uma loja de fotografia.

2006 – 23 Anos

Larguei o emprego e entrei na Puc, com 100% de bolsa... pronto para chutar algumas bundas. – esse foi o meu maior erro.

Foi ali que começou.

O cansaço me bateu, outro dia eu continuo me esforçando pra esclarecer isso pra mim.

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